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Depois do Diagnóstico da Alergia Alimentar
17.maio.2021A dinâmica da casa muda completamente e o medo do que vem pela frente bate na porta.
Como lidar com a Alergia Alimentar?
Seu filho apresenta diversos sintomas de que algo está errado. Pode surgir sangue nas fezes, diarreia, vômitos, talvez urticária, refluxo, inchaço de boca, olhos, orelhas..
O coração de mãe fica apertado. Seu sexto sentido está gritando.
Mas o que ele tem, afinal?
Depois de ir a pediatras e médicos especialistas, o diagnóstico: alergia alimentar.
As alergias alimentares mais comuns são ao leite de vaca, soja, ovo, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar. Mas pode ocorrer com a proteína de qualquer alimento.
Diante dessa situação, a rotina da casa muda completamente. A maneira de cozinhar é reinventada, assim como os hábitos de consumo.
E a compreensão da família e amigos, fica como?
- “Mas que frescura, mãe! Onde já se viu criança ter alergia a comida?”
- “Para de ser superprotetora: eu comia até a terra quando criança e não morri!”
- “Um pouquinho só não vai fazer mal, não. É bom pra criança se acostumar!”
Já ouviu coisas assim? Pois é, eu também! Tantas vezes que nem sei…
Tudo isso parece pesado demais. O medo de que algo aconteça (e sim, há relatos de óbitos em reações alérgicas graves) afeta o equilíbrio das mães.
Mas veja: as mães tiram força de algum lugar, que não se sabe de onde, para adequar a vida e proteger os filhos, da melhor maneira que é possível. Cada uma dentro da sua realidade.
Como fica a alergia alimentar e o aleitamento materno nessa história?
Há quem pense que não é possível amamentar um bebê com alergia alimentar, especialmente quando ele tem alergia ao leite de vaca.
Vale ressaltar que a composição protéica do leite de vaca e de outros animais é diferente da composição do leite materno.
O leite materno é o melhor alimento para o bebê: é completo em nutrientes e auxilia na formação do sistema imunológico e intestinal. Há, também, evidências científicas que ele auxilia na prevenção de doenças alérgicas.
É importante que quando há evidência da relação da amamentação e a reação alérgica em seus filhos, as mães que desejam continuar a amamentação, parem de consumir os alimentos que causam alergia a seus filhos durante esse período.
Caso isso seja necessário, é fundamental consultar um nutricionista para auxiliar neste processo e garantir a ingestão adequada de nutrientes. Confira o cardápio da Mandala Comidas Especiais com opções sem leite.
Levantando e seguindo com alergia alimentar
Algumas mães empreendem, outras compartilham dúvidas, incertezas e sucessos com outras mães.
Acima de tudo: cada pessoa tem a sua história!
Trouxemos dois relatos de mulheres, mães, que convivem com a alergia alimentar dentro de casa.
Depoimentos de mães de filhos alérgicos
Josiane Fernandes, 36 anos. Mãe da Ester, de 6 anos, e da Elisa, de 3 anos.
Campos dos Goytacazes, RJ
“A alergia alimentar se fez presente na minha vida quando minha filha mais velha nasceu.
Eu a levei a vários médicos devido a dificuldades com sono que ela tinha. Ela dormia apenas 15min e acordava com episódios de apneia.
Os pediatras diziam ser normal e que ela tinha refluxo.
Meu sexto sentido de mãe sempre apontou que algo não estava certo. Comecei pesquisar sobre alergia alimentar e entendi que ela tinha algum tipo de alergia ao leite.
Tratei o refluxo dela dos 4 meses até 1 ano e 2 meses quando descobrimos APLV. Começamos a dieta e ela teve poucas melhoras
Quando Ester tinha 1 ano e 6 meses eu engravidei de Elisa. Um susto visto que não havíamos planejado e também tinha muito medo de ter outro filho com alergia alimentar.
Meus medos se comprovaram quando Elisa começou reagir a leite via amamentação.
O diagnóstico foi completamente fechado há 2 meses e nele descobrimos que além de leite, glúten, banana, coco, amendoim, soja, milho, corante, conservante e não podemos leguminosas.
Estamos em adaptação novamente com a dieta. Mas, sou grata por ter confiado no meu sexto sentido.”
Maira Figueiredo, 37 anos, Mãe da Helena, de 5 anos, e Eloah, de 7 meses. Idealizadora do App NuRÓTULO.
Araraquara/SP.
“Desde o nascimento da minha primeira filha, Helena, notamos algumas pequenas intercorrências que aconteciam com ela: vermelhidão repentina na pele durante banho, fezes muito líquidas, muitos gases, muito refluxo, coriza constante, irritabilidade entre outros.
Porém todos, quando relatados para pediatra, eram considerados “normais” para um recém nascido se adaptando ao mundo.
Somente aos 8 meses de idade, ao comer um purê de batata com leite durante introdução alimentar, ela sofreu uma grave reação alérgica com placas vermelhas no corpo, espirros, coriza, vermelhidão nos olhos e inchaço nos lábios e orelhas.
Ligamos imediatamente para o pediatra que prescreveu medicação e fez diagnóstico de Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV).
Ficamos em choque, nunca tínhamos ouvido falar nesse tipo de alergia.
Estudamos a fundo para saber do que se tratava, o grau de seriedade e quais as formas de prevenção das reações e tratamentos caso houvesse contatos.
A adaptação, mesmo após quase 5 anos do diagnóstico, é diária. Pois as dificuldades vão surgindo conforme a criança vai crescendo, enquanto outras vão se tornando mais transponíveis.
Um dos maiores prazeres foi conhecer pessoas incríveis, famílias e comunidade em geral, que já lidavam há anos com diagnósticos semelhantes ao nosso, e nos ajudaram muito a trilhar esse caminho, ainda escuro, da alergia alimentar.”
Por Bárbara Oliveira, para a Mandala Comidas Especiais