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Estudo italiano indica que alimentos sem glúten podem ser contaminados com glúten de embalagens biodegradáveis.
15.jan.2024Embalagens biodegradáveis feitas com palha de trigo podem contaminar seus alimentos com glúten!
As embalagens sustentáveis e biodegradáveis para alimentos são cada vez mais necessárias. Criadas com o objetivo de solucionar problemas ambientais e diminuir a produção de lixo, especialmente do plástico jogado diariamente na natureza.
As embalagens biodegradáveis confeccionadas comumente a partir de derivados de fécula de batata, madeira, polpa de celulose, bambu e amido de milho, ou seja, se decompõem mais rápido do que itens fabricados com matéria plástica comum.
No entanto, embalagens biodegradáveis derivado de cereais contendo glúten encontram-se no mercado.
Podemos encontrar facilmente embalagens biodegradáveis feitas com farelo de trigo. O problema é que as informações do material utilizado não estão contidas em rótulos dos produtos à venda.
Para isso, a Sociedade Celíaca Italiana (AIC) juntamente com o Instituto de Embalagem Italiana fez um estudo para verificar a possibilidade de transmissão do glúten por contato cruzado através das embalagens para os alimentos sem glúten.
Os estudos comprovaram a contaminação por contato cruzado das embalagens.
Os resultados do estudo italiano mostram que alimentos sem glúten foram contaminados a ponto de exceder o nível de glúten permitido para produtos sem glúten consumidos por celíacos.
Esse estudo vai de encontro com mais dois estudos: da Sociedade Celíaca Holandesa e da Sociedade Celíaca Espanhola. Em todos os estudos* detectaram-se migração do glúten das embalagens contendo glúten para os alimentos sem glúten.
*Três testes independentes realizados por diferentes sociedades celíacas europeias.
Sobre o estudo realizado pela AIC (Sociedade Celíaca Italiana), testaram dois tipos de alimentos: um queijo macio tradicional e uma lasanha sem glúten.
A comida esteve na embalagem à base de farelo de trigo por cerca de 30 minutos. O queijo ficou em temperatura ambiente enquanto a lasanha aquecida em forno imitar situações reais de consumo.
Em ambos os casos, encontrou-se glúten nos os dois alimentos através do contato cruzado.
Previamente, testou-se os alimentos quanto ao seu teor de glúten: abaixo de 5 mg/kg. Após o teste, o queijo apresentou teor de glúten superior a 45 mg/kg e a lasanha apresentou teor superior a 80 mg/kg. Isso significa que os valores estão bem acima do valor permitido para o consumo de celíacos.
Neste momento, os celíacos devem evitar embalagens derivadas de cereais que contenham glúten.
Na Itália 77% das empresas no estudo utilizavam materiais sem glúten, os outros 23% desconheciam inicialmente se as suas embalagens continham glúten.
Somente após a pesquisa da Associação Italiana é que se certificaram de que não havia alérgenos em suas embalagens: sinal de que é necessária informação e mais conscientização sobre o assunto.
E no Brasil?
“Não há dúvida de que precisamos pensar em estratégias para reduzir desperdício e melhorar uso dos recursos naturais, mas, ao mesmo tempo, há que se ter em mente os impactos que o uso de alimentos como insumo para produção de embalagens pode ter na vida de celíacos e pessoas com alergia alimentar. Em razão da identificação do risco de migração do material da embalagem para o alimento, apresentamos uma petição à Anvisa em conjunto com a Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil) pedindo para que o assunto fosse incluído na agenda da Agência, de modo que a garantir estratégias para proteger e promover a saúde da população celíaca e de alérgicos alimentares, com a avaliação do risco e sua correspondente comunicação por meio do rótulo.” diz Cecília Cury, advogada e co fundadora das iniciativas Põe no Rótulo e Alergia Alimentar Brasil.
A Mandala Comidas Especiais, em contato com a Dra Cecília Cury e a Fenacelbra, divulga esse estudo para alertar e informar sobre essa questão. Infelizmente, No Brasil ainda não temos a obrigatoriedade da rotulagem das embalagens. Por isso, devemos nos atentar e evitar o uso destes produtos por celíacos e alérgicos alimentares. E assim, divulgar o assunto para conscientizar o maior número de pessoas para promover a saúde da população.
Para saber mais:
Link completo da matéria:
Texto original da AOECS que gentilmente cedeu autorização para traduzir o para o português e publicar em nossa página.
A AOECS – Associação das Sociedades Celíacas Europeias representa 38 sociedades celíacas nacionais de 34 países diferentes, trabalha para melhorar a vida das pessoas afetadas pela doença celíaca na Europa.
Um novo estudo confirma a migração do glúten de materiais biodegradáveis para os alimentos.