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Não precisa ter vergonha da marmita
17.nov.2020Quando recebemos um diagnóstico de restrição alimentar em casa, após o susto inicial, começamos a desvendar um universo desconhecido. Nos deparamos com a necessidade de adaptar todo o nosso esquema de alimentação diária com a nossa nova realidade.
A marmita passa a ser uma solução viável: com ela, podemos ter certeza de que o alimento que será ingerido é seguro, possibilitando a manutenção da saúde.
Parece muito simples falando assim, mas a alimentação está relacionada a uma série de memórias afetivas e a toda a nossa dinâmica de socialização. Observe que costumamos nos reunir com outras pessoas para comer. A comida também faz parte de muitos eventos sociais.
Pare para lembrar
Você já buscou conforto em um alimento? Comemorou algum acontecimento importante da vida comendo algo que gosta muito? Acho que todos nós, né? Não tem jeito: temos uma relação afetiva com a comida.
Com tudo isso, ao perceber a inevitável adaptação da vida cotidiana e a relação direta com a marmita nesse processo pode ser que apareça o sentimento de vergonha.
Vergonha de quê?
Vergonha de carregar marmita para todos os lugares e eventos, por receio do que as pessoas vão pensar. Aquele sentimento de tristeza (e ele vem mesmo, viu?) pelo fato de não poder compartilhar do mesmo alimento com todos (no ambiente de trabalho ou em um evento social). Quando esse sentimento nos atinge de forma avassaladora, podem acontecer algumas situações:
- Deixar de sair ou participar de eventos por vergonha de levar a marmita;
- Comer antes de sair para não precisar comer no local;
- Ceder à tentação e comer algo que não poderia, correndo o risco de passar mal.
Se você se identificou com esses sentimentos descritos aí em cima, receba nosso abraço virtual e saiba que você não está só! Muitas e muitas pessoas se sentem assim, ou tiveram vergonha de carregar marmita em algum momento após um diagnóstico de restrição alimentar. Não precisa ter vergonha. A marmita pode ser sua grande aliada. Entender a importância disso pode ajudar muito a passar para a próxima etapa.
Quando começamos a aceitar a marmita
Passado o baque inicial, você pode compreender que a marmita é a companheira de todos os momentos da vida. Porém ainda não sabe ao certo quais os cuidados tomar para que o alimento não estrague, ou como organizar o dia a dia e planejar o que vai comer, para que tenha sempre algo à mão. À medida que vai se aprofundando em suas pesquisas e discussões, fica mais à vontade e experimenta as possibilidades que essa alternativa oferece.
…e o empoderamento vem!
Após pesquisar, trocar ideias com outras pessoas com restrição alimentar e entender como a marmita pode ajudar a manter a saúde, adota a marmita como queridinha e a inclui na vida. Nesse ponto, carregar a marmita passa a ser tão natural quanto se vestir ou levar o celular. Preparar as marmitas passa a não ser tão sofrido, podendo prepará-las em casa de forma segura ou adquirindo alguns snacks e refeições sem os alergênicos. Compreende e valoriza mais as experiências do que a comida em si, sabendo que ela faz parte da nossa vida, mas não é o mais importante.
Para chegar nesse ponto, é necessário passar pelo (muitas vezes doloroso) processo de ressignificação do alimento. Reconstruir muitas das nossas memórias afetivas relacionadas à comida e toda a ideia do que o alimento representa em nosso meio social. Como acabamos de falar aí em cima, é um processo: tem altos e baixos, muita aprendizagem, um choro de vez em quando…
Existe vida após a marmita
Nosso papel aqui não é julgar a relação de cada um com tudo isso. Estamos falando de sentimentos e esses não controlamos: nos adaptamos e agimos com relação a eles da forma que conseguimos lidar melhor. A ideia aqui é mostrar que há vida – muita vida, aliás – com marmita: plena, feliz e bem resolvida. Você não precisa deixar de vivenciar nenhuma experiência por causa de um diagnóstico que implique em restrição alimentar. Pode passear sozinho ou com a família, encontrar amigos, frequentar festas e eventos, viajar, ir ao cinema, ao circo, fazer um piquenique no parque…
A marmita possibilita viver muitos momentos sem abrir mão da segurança de se alimentar. Então olhe para a sua como grande companheira.
Falando nisso…
Conta pra gente: qual é a sua relação atual com a marmita? Como foi (ou está sendo) a adaptação a essa realidade?
Se você se encontra em um momento de dificuldade de adaptação, gostaria de perguntar algo para quem já adotou a marmita como estilo de vida?
Você que já está super bem resolvido com sua amiga marmita, qual o recado poderia dar àqueles que ainda estão percorrendo esse caminho?
Por Bárbara Oliveira, para Mandala Comidas Especiais.